quinta-feira, 23 de abril de 2015


LIVROS DE COLORIR PARA  ADULTOS – UM OLHAR DA TERAPIA OCUPACIONAL


A moda agora são os livros de colorir para adultos, que nos colocam em contato com o território das artes, nos conduz para um universo que remete a infância e à sensação de bem-estar e que tem como proposta fundamental, vivências lúdicas que revelam que esta atividade não tem idade e que além do mais levam ao relaxamento e ao desligamento das tensões do dia a dia.
A grosso modo, é isso que se propõe com esta atividade, que nada tem a ver com Terapia Ocupacional, se não for conduzida, orientada, acompanhada e vivenciada com profissional terapeuta ocupacional, e com objetivos terapêuticos claros, focados nas necessidades do paciente atendido.
Nem todos sabem, mas é bom deixar claro que todas as condutas de TO são embasadas cientificamente, existem rolls de procedimentos, normas que regem a profissão e conselhos federal e regional ( COFFITO e CREFITO), existe formação pra isso, faculdade, pós graduação, mestrado, doutorado, etc. São anos de estudo para exercermos dignamente nossa profissão.
O terapeuta ocupacional avalia as funções/ocupações do indivíduo, identificando as áreas onde há disfunção, elabora a partir deste momento um programa de tratamento/atividades de forma a auxiliar o indivíduo a superar suas limitações. As atividades são analisadas e escolhidas de acordo com as necessidades do indivíduo, levando em consideração fatores pessoais, profissionais, sociais e ambientais deste sujeito. ( HAGEDORN, 2001).

A arte sob o olhar da Terapia Ocupacional


A Terapia Ocupacional considera e utiliza a arte como recurso terapêutico, baseado no diagnóstico e nas necessidades do paciente quando tem a finalidade de estimular aspectos cognitivos como atenção, concentração e memória, estimular coordenação motora fina, sensorial, reabilitar sequelas motoras de membros superiores, estimular idosos com demências, como o Alzheimer em fase inicial e crianças ou adultos com déficits de atenção e aprendizado. São muitas as demandas que podemos atender utilizando também, este recurso terapêutico, desde que o paciente se interesse e aceite.
Mas, como em toda atividade deve existir um objetivo/meta a ser atingida. A finalidade de desenvolver uma atividade manual na sessão é sempre proporcionar assim como com uso de outros recursos terapêuticos, a funcionalidade e empoderar para autonomia e independência nas atividades diárias.
Outra questão importante pra se discutir é que dependendo do diagnóstico e também da personalidade do indivíduo é preciso avaliar com cautela o uso destes recursos, como por exemplo em distúrbios de saúde mental, transtornos de ansiedade, que podem causar frustração ao paciente ao invés de promover resultados positivos.

Gostaria de deixar claro, que sou totalmente a favor dos livros de pintar, que são a febre do momento, mas a minha função aqui e abrir um espaço para mostrar qual a função da TO utilizando recursos como este. É preciso sim, envolver-se em atividades prazerosas ( pintura, esportes, passeios, atividades culturais, etc.), pois este envolvimento produz endorfinas que levam a sensação de bem estar e que tem o potencial inclusive, de reduzir o estresse.
“(...) o movimento da arte proporciona um fazer que pressupõe sensibilidade, observação, improvisação, expressão e composição” (CASTRO, 2002). Também é uma maneira de expor conteúdos que não conseguimos expressar verbalmente, portanto, é uma forma de comunicação e um meio de estabelecer um vínculo social, se sentir parte do que está acontecendo no mundo.

Mas Terapia Ocupacional, só com terapeuta ocupacional, que vai avaliar a necessidade de uso deste recurso e indicar, através da análise da atividade, o recurso terapêutico que vai contemplar as demandas do indivíduo dentro do processo terapêutico.

Pra pensar: nem toda atividade é terapêutica, nem tudo é Terapia Ocupacional!